喩 YU (METÁFORA)

 

Mestre Zen

Perto de Tóquio vivia um grande meditao_zenSamurai, já idoso, que se dedicava a ensinar zen aos jovens.

Apesar de sua idade,corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali.

Queria derrotar o samurai e aumentar sua fama.

O velho aceitou o desafio e o jovem começou a insultá-lo. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou insultos, ofendeu seus ancestrais.

Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.

No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.

Desapontados, os alunos perguntaram ao mestre como ele pudera suportar tanta indignidade.

Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?

A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.

O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem o carregava consigo.

A sua paz interior depende exclusivamente de você.

As pessoas não podem lhe tirar a calma. Só se você permitir...

O MESTRE E O ESCORPIÃO

 

Monk_Scorpion_thumbUm mestre oriental que viu que um escorpião estava se afogando decidiu
tirá-lo da água, mas quando o fez o escorpião o picou.


Pela reação de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água e
estava se afogando de novo.


O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o animal o picou.
Alguém que estava observando se aproximou do mestre e lhe disse:


"Desculpe-me, mas você é teimoso !
Não entende que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?"

O mestre respondeu:

"A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é
ajudar".

Então, com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou
sua vida.

Não mude sua natureza se alguém te faz algum mal; apenas tome precauções.
Alguns perseguem a felicidade, outros a criam.

"Quando a vida te apresentar mil razões para chorar, mostre-lhe que tens mil e uma razões pelas quais sorrir."

VOCÊ DEVE?

 

maruDepois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao
casebre, seguindo por longa estrada.

Ao passarem próximo a uma moita, ouviram um gemido.

Verificaram e descobriram um homem caído. Estava pálido e com grande mancha de sangue, próxima ao coração.

Tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência.
Com muita dificuldade, mestre e discípulo o carregaram para o casebre rústico, onde viviam. Lá trataram do ferimento.

Uma semana depois, já estabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca. Disse também que conhecia seu agressor, e que não descansaria enquanto não se vingasse.

Disposto a partir, o homem disse ao sábio:

- Senhor, muito lhe agradeço por ter salvado a minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti.

O mestre olhou fixo para o homem e disse:

- Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informa-lo de que você me deve 3.000 moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que fiz.

O homem ficou assustado e disse:

- Senhor, é muito dinheiro.Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar
esse valor.

Com serenidade, tornou a falar o sábio:

- Se você não pode pagar pelo bem que recebeu, com que direito quer cobrar
o mal que lhe fizeram?

O homem ficou confuso e o mestre concluiu:

- Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve.

Não faça cobrança pelas coisas ruins que aconteçam em sua vida, pois a

vida pode lhe cobrar tudo de bom que lhe ofereceu.

Um pequeno colibri


colibriHavia um grande incêndio na floresta. Preocupados, os animais fugiam da selva em chamas. Quando todos se encontraram em um lugar seguro, bem distante do fogo, ficaram apenas olhando. Eles sentiam que nada podiam fazer, pois o incêndio era enorme. No entanto, um pequeno colibri decidiu que tentaria apagar o fogo.

O pássaro foi até um rio próximo, pegou uma gota de água, sobrevoou a floresta em chamas e lançou a gota que carregava no bico. Enquanto ele ia e vinha, os outros animais lhe perguntavam: “O que você está fazendo? Nada podes fazer, tu és muito pequeno e este incêndio é muito grande”. Alguns animais tinham bicos bem grandes, e não ajudavam.


Mas o colibri estava convencido que podia apagar o incêndio e continuou jogando pequenas gotas nas chamas que consumiam as árvores.


Ao final, diante da floresta queimada, o colibri disse aos demais animais que havia feito o melhor que podia.

Bambu longo, bambu curto

bambuCerta vez, durante uma palestra, um monge perguntou a um mestre Zen:

"Qual o significado fundamental do Budismo?"

O mestre disse:

"Ao final da palestra fique aqui sozinho comigo que eu lhe explicarei."


Imaginando que algo muito importante lhe seria revelado, o monge esperou impaciente o fim da preleção. Quando todos saíram, ele perguntou ansioso:

"Então, responder-me-ás agora?"

"Siga-me," disse o mestre e levantou-se. Conduziu o monge ao belo jardim aos fundos do templo, apontou para o bosque de bambus e disse:

"Este bambu é longo, aquele é curto."

O SANTO

 

Zen-Monk

Boatos espalharam-se por toda a região acerca do sábio Homem Santo que vivia em uma pequena casa sobre a montanha. Um homem da vila decidiu fazer a longa e difícil jornada para visitá-lo. Quando

chegou na casa, ele viu um simples velho dentro que o recebeu, abrindo a porta.

“Eu gostaria de ver o sábio Homem Santo”, disse ele ao outro. O velho sorriu e permitiu-o entrar.

Enquanto eles caminhavam ao longo da casa, o homem da vila olhava ansiosamente em torno, antecipando seu encontro místico e divino com um homem considerado um verdadeiro Santo. Mas, antes que pudesse dar conta, ele já havia percorrido a extensão da casa e levado para fora. Ele parou e voltou-se para o velho:

“Mas, eu quero ver o Homem Santo!”

“Já o fizeste”, disse o velho. “Todos que tu encontras em tua vida, mesmo se eles pareçam simples e insignificantes... veja cada um deles como um sábio Homem Santo. Se fizeres deste modo, então quaisquer que sejam os problemas que trouxeste aqui hoje, serão resolvidos.”

E fechou a porta.

Onde você coloca o sal?

baikalO velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d´água e bebesse.
"Qual é o gosto?" perguntou o Mestre.
"Ruim" disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silencio e o jovem jogou o sal no lago, então o Mestre disse:
"Beba um pouco dessa água".
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:
"Qual é o gosto?"
"Bom" disse o jovem.
"Você sente o gosto do sal?" perguntou o Mestre
"Não" disse o jovem
O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:
"A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Então, quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas.
Deixe de ser um copo.
Torne-se um lago.

O GUERREIRO E A ESPADA

 

samurai02-Quem é o melhor no uso da espada? - Perguntou o guerreiro.

- Vá até o campo perto do castelo, disse o mestre. Ali existe uma rocha. Insulte-a.

O guerreiro, surpreso, retrucou: - Porque devo fazer isto? A rocha jamais me responderá de volta.

- Então, ataque-a com sua espada, disse o mestre.

-Tampouco farei isto, respondeu o discípulo. Minha espada se quebrará se o fizer. E se atacá-la com minhas mãos, ferirei meus dedos sem conseguir nada. Mas minha pergunta é outra: quem é o melhor no uso da espada?

- O melhor no uso da espada é aquele que se parece com uma rocha, disse o mestre. Sem desembainhar a lâmina, consegue mostrar que ninguém poderá vencê-lo.

A IMPORTÂNCIA DE SER VOCÊ MESMO

 

Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, foi visitar um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o Samurai sentiu-se repentinamente inferior. Ele então perguntou ao Mestre: - "Por que estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por que estou me sentindo assustado agora?

O Mestre falou: - "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."

Moon_tree Durante todo o dia, pessoas chegaram para ver o Mestre, e o Samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o Samurai perguntou novamente: - "Agora você pode me responder por que me sinto inferior?"

O Mestre o levou para fora. Era uma noite de lua cheia, e ela estava justamente surgindo no horizonte. Ele disse: - "Olhe para estas duas árvores: a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais perguntou à maior: - "Por que me sinto inferior diante de você?" Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."

O Samurai então argumentou: - "Isto acontece porque elas não podem se comparar."

E o Mestre replicou: - "Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e a superioridade desaparecem. Você é o que é, e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer. Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e se encaixa. É uma unidade orgânica: ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é, incomparavelmente, único. Você é necessário e basta. A Natureza, através das diferenças, expressa a igualdade da vida."

Conto Zen: O Quebrador de Pedras

rockEra uma vez um simples quebrador de pedras que estava insatisfeito consigo mesmo e com sua posição na vida.

Um dia ele passou em frente a uma rica casa de um comerciante. Através do portal aberto, ele viu muitos objetos valiosos e luxuosos e importantes figuras que freqüentavam a mansão.

Quão poderoso é este mercador!” pensou o quebrador de pedras. Ele ficou muito invejoso disso e desejou que ele pudesse ser como o comerciante.

Para sua grande surpresa ele repentinamente tornou-se o comerciante, usufruindo mais luxos e poder do que ele jamais tinha imaginado, embora fosse invejado e detestado por todos aqueles menos poderosos e ricos do que ele. Um dia um alto oficial do governo passou à sua frente na rua, carregado em uma liteira de seda, acompanhado por submissos atendentes e escoltado por soldados, que batiam gongos para afastar a plebe. Todos, não importa quão ricos, tinham que se curvar à sua passagem.

Quão poderoso é este oficial!” ele pensou. “Gostaria de poder ser um alto oficial!

Então ele tornou-se o alto oficial, carregado em sua liteira de seda para qualquer lugar que fosse, temido e odiado pelas pessoas à sua volta. Era um dia de verão quente, e o oficial sentiu-se muito desconfortável na suada liteira de seda. Ele olhou para o Sol. Este fulgia orgulhoso no céu, indiferente pela sua reles presença abaixo.

Quão poderoso é o Sol!” ele pensou. “Gostaria de ser o Sol!

Então ele tornou-se o Sol. Brilhando ferozmente, lançando seus raios para a terra sobre tudo e todos, crestando os campos, amaldiçoado pelos fazendeiros e trabalhadores. Mas um dia uma gigantesca nuvem negra ficou entre ele e a terra, e seu calor não mais pôde alcançar o chão e tudo sobre ele.

Quão poderosa é a nuvem de tempestade!” ele pensou “Gostaria de ser uma nuvem!

Então ele tornou-se a nuvem, inundando com chuva campos e vilas, causando temor a todos.

Mas repentinamente ele percebeu que estava sendo empurrado para longe com uma força descomunal, e soube que era o vento que fazia isso.

Quão poderoso é o Vento!” ele pensou. “Gostaria de ser o vento!

Então ele tornou-se o vento de furacão, soprando as telhas dos telhados das casas, desenraizando árvores, temido e odiado por todas as criaturas na terra. Mas em determinado momento ele encontrou algo que ele não foi capaz de mover nem um milímetro, não importasse o quanto ele soprasse em sua volta, lançando-lhe rajadas de ar. Ele viu que o objeto era uma grande e alta rocha.

Quão poderosa é a rocha!” ele pensou. “Gostaria de ser uma rocha!

Então ele tornou-se a rocha. Mais poderoso do que qualquer outra coisa na terra, eterno, inamovível. Mas enquanto ele estava lá, orgulhoso pela sua força, ele ouviu o som de um martelo batendo em um cinzel sobre uma dura superfície, e sentiu a si mesmo sendo despedaçado.

O que poderia ser mais poderoso do que uma rocha?!?” pensou surpreso.

Ele olhou para baixo de si e viu a figura de um quebrador de pedras.

猿猴捉月
ENKÔ SOKUGETSU

moon_monkeyEm uma parábola budista relata a característica do macaco (猿猴 Enkô) tentando pegar o reflexo da lua. De acordo com a história, numa noite um líder de um grupo de macacos viu o reflexo luminoso da lua na água do lago, debaixo da árvore que estava. Pensando que a lua tinha morrido e caído na água, e com isso, temendo que o mundo ficasse assim na escuridão, o macaco chamou os outros macacos do seu bando e comandou-lhes a unir os rabos e juntos retirar a lua da água. Porém, quando os macacos tentaram esta tarefa, o peso deles era tanto que o galho quebrou e eles caíram na água e se afogaram.


A simples moral dessa história não é a negligencia ao tentar cumprir uma tarefa impossível. Mas, em uma visão mais filosófica ou em um nível do Zen, a imagem do macaco que tenta retirar o reflexo da lua na água é uma metáfora para a mente ignorante e iludida por meras aparências. No budismo e Hinduismo o conceito 摩耶 Maya (tbém. Mãe de Buda) ou ilusão é um tema constantemente referido.  A parábola foi descrito freqüentemente em pinturas, e normalmente é representado pelos macacos aranha com longos braços.